Esse trabalho, que também deu origem à coleção outono/inverno 2009 da marca, foi feito em parceria com o Instituto Benjamin Constant, instituição carioca especializada na prevenção, reabilitação e tratamento de cegos. O pessoal do OEstudio estudou a relação dos cegos com o vestuário e os métodos que eles usam para escolher as peças e compor um estilo.
A maior parte da coleção é feita de tecidos texturizados, há também peças inteiras sem identificação da parte da frente ou das costas, além de guizos e zípers que auxiliam na hora de se vestir. Enfim, a coleção explora o vestir-se independente da visão.
Quem quiser ver o resultado:
Mas o que realmente me chamou atenção durante a apresentação do case foi o comentário de uma das cegas que participaram do projeto, e ele era mais ou menos assim:
"Eu queria que tivessem umas bengalas diferentes, só existem essas aqui de metal, sem graça. Imagina eu andando por aí com uma bengala com estampa de flores!"
E aqui vem a parte da provocação.
O meu primeiro pensamento foi: Eu me importaria com o aspecto de algo que eu não posso ver? A moda é algo estritamente ligado à percepção individual ou é sempre construída coletivamente?
Você se importaria?
E é na frase da menina cega que eu vejo alguns dos aspectos mais agradáveis da moda, para mim. O aspecto cultural e a construção de identidade. Resumindo: o quanto a estampa de flores representa culturalmente e o quanto poderia dizer sobre um anônimo que cruzar meu caminho.
Depois da pausa, não deixem de conferir o case no site do OEstudio na guia "Collection".
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