Eu e a Fer (roommate) estávamos (e faz tempo) falando sobre blogs pessoais X blogs gerais e a Fer me falou: "Estamos em falta de gente que escreva bons blogs pessoais. Um que era muito boa era o da Clarah Averbuck, mas daí ela começou a namorar e parou de escrever. Blogs pessoais bons são aqueles das pessoas infelizes."
Não sei se vocês concordam com isso ou não, e minha intenção nem é argumentar contra ou a favor, até porque ainda não decidi. Só quero dissertar sobre e tirar isso da minha cabeça.
Nos blogs sobre assuntos "gerais" [e esse "gerais" inclui comunicação, cultura, moda, comportamento...] é bem fácil encontrar assunto repetido. Na minha pasta de feeds de comunicação, por exemplo, é bem comum um assunto reaparecer a cada 5 ou 6 posts que eu leio. E não acho que tenha nada de errado com isso, como o próprio nome diz, os assuntos são gerais, de domínio público e interessam a mais de uma pessoa no mesmo dia e, seguindo o caráter de blog: se me interessa, publico.
Mas é por esse mesmo motivo que a pasta "pessoais" dos meus feeds recebe uma atenção toda especial. Os mesmos assuntos podem até aparecer, mas em contextos que são únicos, em contextos que te fazem lembrar de experiências, em contextos que te coram, em contextos que te forçam uma vontade de ser mais corajoso.
Os blogs pessoais mexem comigo. E eu dou atenção a cada mísera palavra que existe neles. Por mais que eu me obrigue a assinar feeds de grandes conglomerados das mídias sociais [informação para o trabalho e conversas efêmeras de boteco], o que eu gosto mesmo são os gatos perdidos pelas esquinas dessa ou de outra cidade que contam sobre um anseio, uma desilusão, uma transa, um porre. Esses sim fazem todo o sentido.
E então eu percebi que o meu blog não era "para mim" já fazia algum tempo. Sempre teve opinião, sempre teve um pouquinho das minhas loucuras pessoais, mas estava faltando em sinceridade. E por quê?
Por que eu estava feliz.
E então eu acho que a Fer estava certa?
Talvez.
O que eu acho é que basta uma simples coisinha te desapontar para que tu pense mais a fundo e descubra um caminhão de coisas que estavam erradas e tu simplesmente não percebia. E o primeiro passo depois de descobrir isso tudo é dar uma passadinha aqui no blog, ficar mais íntima, mais pessoal e mandar à merda quem não entende que blog é blog porque eu escrevo o que quero.
E eu espero que isso faça algum sentido fora da minha cabeça.
Alguns blogs pessoais [com pitadas gerais] que eu acompanho:
Eu, cocinela
Porão e Sótão
Liliane Ferrari
E os idiotas descobriram que são em maior número
A vida mata a pau
Poderosa Afrodite
In the Flesh
Cabana Ranzinza
Contraditorium
Don't touch my moleskine
Não 2 Não 1
É tudo puta
Que honra!!
ResponderExcluir:)
Mas enfim, entre ser feliz e ser uma boa escritora, prefiro ser feliz, hehe. Não vale à pena deixar nada para a posteridade. Nenhuma glória póstuma vale um alegre cotidiano. Glória em vida? Sim, a modernidade permite isso. Você não precisa morrer para ser reconhecido - mas ainda assim me pergunto até que ponto o reconhecimento que não te dá felicidade pode te dar satisfação (contraditório, porém possível).
o "boa escritora" é bem relativo. meus bons escritores precisam sofrer, mas há quem se contente com bem menos.
ResponderExcluire eu ainda não decidi, mas acho que quero ficar na linha entre os dois.
Eu também (e cada vez mais) prefiro a felicidadezinha do cotidiano à qualquer produto do sofrimento (o meu). Até porque, pra sofrer, resmungar e axincalhar bonito tem que ter talento.
ResponderExcluirMas de fato os textos de postura pessoal me chamam mais atenção, grudam na minha memória e tem sempre muito mais significado. talvez seja porque sou mulherzinha.
Honrosa excessão: http://qualquer.org/bugio/?p=705#comments
Eu tinha reparado isso em mim também, como os "blogs pessoais" tem uma atenção maior da minha parte. Eu posso dar "mark all as read" numa pasta sobre tecnologia, design, mas provavelmente nunca daria na de blogs pessoais. Acho que vai muito de uma sensação e intimidade, como se fosse pra ti que o autor escreve, por conta de ter opinião, ser parcial, que traz esse carinho.
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